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Reportagem publicada em
Nelson Kon
Parceiro essencial da arquitetura, o paisagismo de Raul Pereira buscou traduzir a transparência e leveza dos espaços. “Fiz um jardim informal e silvestre, com 42 espécies que criam um fundo de folhagem verde-escura em contraste com o cinza do concreto”, diz Raul.
Justamente o fato de não saber muito bem como nomeá-la. Uma casa? Um refúgio de fim de semana? Isso me obrigou a pensar de outro modo. Gosto, então, de brincar com a pergunta: você conhece uma casa com piscina, mas e uma piscina sem casa? Normalmente, ela é um acessório, assim como o jardim, porém aqui acontece o contrário. A residência é o programa primordial da arquitetura. E a função que lhe dá sentido, seu núcleo, é o morar. Como fazer um projeto no qual esse núcleo não existe? Trata-se de um assunto muito rico para a arquitetura.
Foi interessante ouvir dos proprietários que queriam ficar em São Paulo, evitar o trânsito. Este projeto
nasceu no contrafuxo do tráfego. Ele alivia o movimento de saída dos carros, esvazia as ruas, ocupa a cidade quando ela tende a ficar deserta. Curioso observar o desejo de obter não o máximo de coefciente construtivo e aproveitamento, mas o máximo coefciente de jardim e de luz. No contexto de um bairro, isso é muito produtivo.
Ao pensar numa piscina, vem a ideia imediata de um tanque enterrado. Assim, no entanto, ela estaria sujeita à sombra dos vizinhos. Propus elevá-la porque, aqui, a superfície está em cima. E ela está orientada exatamente no sentido da rota dos aviões – temos até o mapa de aproximação. Gosto dessa imagem criada num cenário tão urbano.
Lá em cima, a “praia”: além da raia de 1,80 x 16 m, a cobertura oferece uma área generosa para tomar sol, toda revestida de mosaico português.
Uma gárgula de concreto entorna, no térreo, o excesso da piscininha particular do casal, formando uma cascata sobre o espelho-d’água construído ali. O volume deste ponto pode ser bombeado de volta até a raia de cima, recomeçando o ciclo.
Desenvolvimento